O perigo do contágio nas redes sociais

“O contágio social domina várias áreas das nossas vidas, frequentemente sem que tenhamos consciência disso.” Foi o que concluíram estudiosos do comportamento humano, o sociólogo Nicholas Christakis, da Universidade de Havard, em Boston, e o especialista em ciências políticas James H. Fowler, da Universidade da Califórnia em San Diego.

Cada grupo de whatsapp representa uma rede de relacionamentos em que, constantemente, estamos comunicando e transferindo sentimentos de uma pessoa para outra. Estudiosos afirmam que há três etapas que seguimos, inconscientemente, nessa cadeia de conexões. Vejamos:

A primeira etapa é a do espelhamento inconsciente, onde envolve uma mímica que sutilmente nos faz copiar os sinais não verbais dos outros. Isso se dá, inclusive, na troca de emojis, sejam eles tristes ou alegres.

A segunda etapa é o do feedback, ou seja, nomento em que você comunica uma expressão triste e, logo em seguida, passa a se sentir triste também.

A terceira e última etapa é a do compartilhamento de experiências, até que, por fim, estejam com emoções e comportamentos sincronizados.

Por exemplo, você já sentiu vontade de chorar ao ver alguém chorando, sem ao menos conhecer a pessoa ou saber o motivo pela qual ela chora? Esse é um dos efeitos do contágio.

Porém, não é só: pesquisadores estão convencidos de que em redes sociais (grupos de whatsapp, por exemplo) os sentimentos se espalham segundo uma regularidade matemática. O que uma pessoa pensa ou sente está ligado diretamente àquelas pessoas que ela mantém mais contato.

Os pesquisadores concluíram, também, que as redes sociais influenciam, igualmente, em nossas decisões, pois frequentemente assumimos o ponto de vista das pessoas que estão mais próximas.

Não bastasse isso, psicólogos acreditam que em uma microssociedade o objetivo dos seus membros é provar que pensam, sentem e agem da mesma forma que os outros. Isso fortalece a identidade daquele pequeno grupo e, ainda, reforça a aceitação e pertencimento do membro. Isso explicaria, por exemplo, o motivo pelo qual jovens passam a se vestir de maneira igual, usar drogas e ingerir bebidas alcóolicas.

Um fator assustador e ainda mais grave é o fato de que o efeito do contágio social nos jovens é extremamente alto, pois um membro do grupo quase sempre faz aquilo que a maioria sugere.

Portanto, resta a pergunta: com quem seus filhos estão se relacionando virtualmente? Quais grupos sociais eles estão inseridos? Qual o poder de influência dessas conexões em suas vidas?

Tem sido cada vez mais comum o suicídio entre jovens e adolescentes. Precisamos ter a consciência de que as redes sociais têm muito mais influência em nossas vidas e dos nossos filhos do que imaginávamos.

Guilherme Torres Ferreira.

Delegado de Polícia Civil - AM