Crime e Ostentação
Artigo apresentado para a disciplina Sociologia da Violência, do curso de Mestrado Profissional em Segurança Pública, Cidadania e Direitos Humanos, sob exigência da Professora MSc. Izaura Rodriguez Nascimento.
Leia o RESUMO:
O presente artigo traz um breve estudo sobre a relação umbilical existente entre os fenômenos da criminalidade e da ostentação mostrando como esses dois fenômenos estão interligados em nossa sociedade pós-moderna. Uma sociedade que encampa a bandeira do consumismo como ícone e símbolo de existência e visibilidade social perante o outro e que não aceita outro modo de vida que não seja o voltado ao consumo. O ser virou sinônimo do ter. Nessa nova ordem social os indivíduos buscam sair de sua invisibilidade social através do consumo e da ostentação, porém essa busca pela visibilidade se torna um calvário para as classes sociais menos aquinhoadas e dentro deste nicho os adolescentes são os mais afetados por uma série de variáveis que os leva a entrar no mundo da criminalidade como uma forma, não convencional, de inserção social. Mostrando que a invisibilidade nem sempre é estar à margem da sociedade, mas também não usufruir do bem estar social que existe apenas à quem tem acesso a riqueza e proteção, causando assim um modelo de sociedade que busca concentrar a riqueza tornando, por conseguinte, tudo objeto de consumo. Apresentações de casos reais em que os fenômenos do crime e da ostentação estão interligados são reportados na presente obra para análises a fim de observamos como esses dois fenômenos estão mais presentes do que nunca em nosso cotidiano. A posição de autores consagrados como Bauman, Hanna Arendt e Nobert Elias são trazidos para fundamentar nossas colocações e enriquecer o debate que envolve os fenômenos do crime e da ostentação dentro de uma sociedade puramente consumista. Saber como lidar com essa nova ordem social, assim como definir maneiras de prevenir que crimes sejam cometidos, principalmente pelos indivíduos mais jovens, em face da influência do fenômeno do consumismo exacerbado é o que sugerimos ao final deste trabalho.
Jone Clei Souza
Delegado de Polícia Civil - AM
O perigo do contágio nas redes sociais
“O contágio social domina várias áreas das nossas vidas, frequentemente sem que tenhamos consciência disso.” Foi o que concluíram estudiosos do comportamento humano, o sociólogo Nicholas Christakis, da Universidade de Havard, em Boston, e o especialista em ciências políticas James H. Fowler, da Universidade da Califórnia em San Diego.
Cada grupo de whatsapp representa uma rede de relacionamentos em que, constantemente, estamos comunicando e transferindo sentimentos de uma pessoa para outra. Estudiosos afirmam que há três etapas que seguimos, inconscientemente, nessa cadeia de conexões. Vejamos:
A primeira etapa é a do espelhamento inconsciente, onde envolve uma mímica que sutilmente nos faz copiar os sinais não verbais dos outros. Isso se dá, inclusive, na troca de emojis, sejam eles tristes ou alegres.
A segunda etapa é o do feedback, ou seja, nomento em que você comunica uma expressão triste e, logo em seguida, passa a se sentir triste também.
A terceira e última etapa é a do compartilhamento de experiências, até que, por fim, estejam com emoções e comportamentos sincronizados.
Por exemplo, você já sentiu vontade de chorar ao ver alguém chorando, sem ao menos conhecer a pessoa ou saber o motivo pela qual ela chora? Esse é um dos efeitos do contágio.
Porém, não é só: pesquisadores estão convencidos de que em redes sociais (grupos de whatsapp, por exemplo) os sentimentos se espalham segundo uma regularidade matemática. O que uma pessoa pensa ou sente está ligado diretamente àquelas pessoas que ela mantém mais contato.
Os pesquisadores concluíram, também, que as redes sociais influenciam, igualmente, em nossas decisões, pois frequentemente assumimos o ponto de vista das pessoas que estão mais próximas.
Não bastasse isso, psicólogos acreditam que em uma microssociedade o objetivo dos seus membros é provar que pensam, sentem e agem da mesma forma que os outros. Isso fortalece a identidade daquele pequeno grupo e, ainda, reforça a aceitação e pertencimento do membro. Isso explicaria, por exemplo, o motivo pelo qual jovens passam a se vestir de maneira igual, usar drogas e ingerir bebidas alcóolicas.
Um fator assustador e ainda mais grave é o fato de que o efeito do contágio social nos jovens é extremamente alto, pois um membro do grupo quase sempre faz aquilo que a maioria sugere.
Portanto, resta a pergunta: com quem seus filhos estão se relacionando virtualmente? Quais grupos sociais eles estão inseridos? Qual o poder de influência dessas conexões em suas vidas?
Tem sido cada vez mais comum o suicídio entre jovens e adolescentes. Precisamos ter a consciência de que as redes sociais têm muito mais influência em nossas vidas e dos nossos filhos do que imaginávamos.
Guilherme Torres Ferreira.
Delegado de Polícia Civil - AM